sexta-feira, 27 de novembro de 2009

(7º dia) A vida não é filme. Mas...poderia ser.

Último dia. Dia das finalizações.
- Arrumar as malas
- Devolução do carro
- Check-out no hostel

Como o check-out é as 12 horas, as malas ficaram no hostel para que pudéssemos ficar livres e depois poderíamos voltar e usar as dependências do hostel, piscina, chuveiro, tudo com exceção do quarto.

Ficamos em Tambaú pegando a última praia da viagem.

Almoçamos filé a parmegiana, por incrível que pareça estava doida de vontade de comer carne. Foi muito camarão a semana inteira. Agora, aqui fica o alerta. Muito cuidado!! parmegiana em João Pessoa vem acompanhado de macarrão, ao invés de arroz branco. De acordo com o garçom, originalmente esse prato é servido com macarrão. Esse negócio de arroz foi coisa que alguém inventou. Nunca ouvi falar isso, nem sei se é verdade, mas sendo ou não verdade, pra mim o correto é o arroz branco e meu paladar ficou um pouco decepcionado com a falta dele.

Depois voltamos ao hostel, ficamos prontas para a volta, jantamos no Mangai e ficamos assistindo filme até o momento de sair do hostel com destino ao aeroporto. Por incrível que pareça, no finalzinho descobri que um funcionário do hostel, o Thiago, é cinéfilo e tinha milhões de filmes para emprestar para assistirmos.

E, como a vida não é filme e tem que continuar, a viagem terminou.

Foi muito bom dar essa pausa de uma semana. A viagem foi ótima, mas estava morta de saudades de casa. Saudades da minha cama, meu banheiro, as comidas normais do dia-a-dia. E isso é muito bom. Viajar é ótimo, mas também é ótimo perceber que tenho saudades de casa, do meu serviço, da minha família, das coisas que me cercam. Sinal que estou no caminho certo e feliz com a vida que estou levando. É, a vida não é filme, mas pode sempre ter um final feliz.

E assim volto ao lar. Não sei se deixei um pedacinho de mim, mas um pedacinho de João Pessoa com certeza voltou comigo.

música da viagem: no início - Onde estará meu amor / no final - Várias do James Blunt
comida da viagem: rubacão, tapioca e sinfonia.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

(6º dia) Paraíso

Este seria o último dia completo com o carro, pois no dia seguinte ele teria que ser devolvido no período da manhã.
No Centro de Turismo haviam vários folders e um deles chamou a atenção. Era sobre uma praia chamada Barra de Camaratuba, que fica no município de Mataraca, quase divisa com Rio Grande do Norte, extremo norte do litoral paraíbano.
A foto no folder chamou a atenção, pois mostrava uma foto de uma uma praia paradisíaca onde o mar se encontra com o rio Camaratuba.

Tempo livre, um carro na mão, todos os roteiros já visitados...por que não visitar essa tal praia?
Foram quase duas horas de viagem. Primeiro uma erradinha básica no caminho, depois caminho certo, um tanque quase sem combustível e muito muito depois, entrando numa rodovia pequena (PB-063), saindo da rodovia e pegando uma estrada de terra vermelha no meio dos canaviais e, de repente, a visão do paraíso aparece.
Valeu a pena cada minuto de estrada.
A praia é lindíssima, paraíso, quase deserta. Areia muito clara. Mar muito lindo. O encontro com o rio forma uma piscininha quente e gostosa para ficar se refrescando.
Voltei cansadérrima, da praia, do tempo no volante, mas a sensação de ter chegado onde certamente poucos turistas chegaram foi gratificante.
Chegando em João Pessoa, ainda teve uma pausa para as compras de final de viagem e à noite, nossa última noite, uma saidinha novamente até o John People para umas bebidinhas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

(5º dia) João Pessoa novamente

Saímos cedo de volta à João Pessoa, fizemos check-in outra vez no Hostel em Manaíra, deixamos tudo no mesmo quarto de antes e fomos pra praia.

O dia foi todo na Praia do Bessa. A praia lá é muito gostosa e ainda deu pra aproveitar a infra-estrutura do bar Golfinho, que tem cadeiras, mesa com guarda-sol e duchas.

Muito sol, água de côco e para o almoço um prato chamado Sinfonia. Recomendo. Foi a melhor refeição. Lula, polvo, camarão, peixe e lagosta, tudo cozindo em leite de côco, acompanhado de arroz branco e pirão.



À noite juntou uma turma enorme do hostel, umas quase 20 pessoas e foram todos juntos ao Mangá para jantar. Depois do Mangá a maioria voltou ao hostel, mas fomos num grupo de quatro pessoas procurar um barzinho para beber algo. Eu particularmente estava louca de vontade de beber pra dar aquela relaxada, pois estava dirigindo bastante o tempo todo e não podia beber durante o dia por causa disto.

Fomos a um barzinho chamado John People. Conversamos, bebemos e voltamos ao hostel à pé.
Na volta, as calçadas já cheias de prostituas e travestis. Não era muito tarde. Umas 10 e pouco da noite, mas lá começa cedo. A prostituição tá tomando conta desse país e na cara dos policiais, mas ninguém faz nada. Na rua do hostel, na esquina com a praia, havia um travesti com os seios de fora e uma saia curtíssima, praticamente um bustiê usado como saia. No grupo havia um suíço e uma espanhola e, sinceramente, fiquei com vergonha de ser brasileira.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

(4º dia) Praias do Sul



A idéia: alugar um carro, ir para o sul, ficar hospedada na Pousada do Inglês, um hostel em Jacumã, ficar até sexta em Jacumá, curtindo as praias do sul, que todos dizem ser a mais bonita.
A dona do hostel em João Pessoa alertou dizendo que em Jacumã não tinha nada pra fazer.
Eu pensei: aqui também não, então, vai dar na mesma, mas pelo menos terei praias mais lindas ainda.

Chegando lá, supresa!! O hostel era um lixo. O quarto era mal cuidado e o vaso sanitário tinha cheiro de urina.

Visitamos todas as praias do sul. Com direito a banho de sol e mar em Coqueirinho, numas espreguiçadeiras maravilhosas e almoço com direito à bolinho de bacalhau. De sobremesa foi nudez na praia naturalista de Tambaba.


Como o sol lá nasce por volta das 5 e se põe por volta das 17h, os dias são longos e dá pra aproveitar bem a praia até umas 15h. Pouco depois desse horário já estávamos de volta ao hostel em Jacumã. Lá era um fim de mundo, não tinha nada mesmo, marasmo total. Tentamos pagar uma taxa para banho e minha intenção era dirigir até Porto de Galinhas e ficar por lá até sexta. Mas, o cara do hostel disse que tínhamos que pagar a diária. Resolvi pensar um pouco e pensar melhor no que fazer.

Fiquei pensando: estou de férias, quero descansar, me jogar em alguma praia legal e ficar curtindo um silêncio, só com o barulho do mar. Pra quê ficar horas e horas dirigindo e chegar numa praia que já conheço? Pra que tanto desgaste?

Então, dormimos no hostel em Jacumã, mas antes saímos para dar uma volta pois ainda nem eram 18 horas. Vimos umas lojinhas, procuramos um lugar pra comer tapioca e achamos na rua principal um lugarzinho pequeno e simples, mas muito limpo, onde comemos as melhores tapiocas que já tínhamos experimentado e todas muito baratinhas. No máximo R$ 2, quando eram cheias de recheio. Que delícia.

A tapioca acabou valendo pela estadia de um dia em Jacumã.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

(3º dia) Sem rumo

No terceiro dia estávamos meio sem rumo. Tínhamos que devolver o carro e era o último dia da Sabrina, que é a menina que mora no Rio. Então resolvemos aproveitar o carro até o último minuto possível. Fomos visitar o Farol, o Cabo do Seixas, o Centro Histórico e, finalmente, devolvemos o carro.

Aproveitamos para ficar na praia próxima ao lugar onde devolvemos o carro, que é uma lojinha dentro do Hotel Tambaú, um hotel também muito famoso em João Pessoa.

O almoço foi na praia mesmo: camarão, queijo coalho, água de côco.
Aproveitamos para ver preços de aluguel de carro em outros lugares e comprei umas frutinhas. Tava me sentindo meio enfastiada de tanto camarão.

Em nosso quarto no hostel havia uma mulher de seus 40 e tantos anos, penso eu, que era muito grudenta. E isso me fez ficar tentando entender o porquê de algumas pessoas que não conseguem ficar sozinhas se colocarem a viajar sozinhas. Ela simplesmente precisava de alguém para almoçar com ela, para passear com ela, para jantar com ela. Nisso, acabou grudando num rapaz, que já estava de saco cheio dela, mas que ficava sem graça de dar um fora. Por que alguém que não consegue ficar sozinha resolve viajar sozinha? Será que é por isso que fica em hostel? Pra poder encontrar outras pessoas que estão sozinhas e grudar? Mas, e se a pessoa que está sozinha gosta e pretendia ficar sozinha quando viajou? A dependência é algo muito triste. A pessoa se torna chata e desagradável e nem percebe o quanto sufoca os outros.
Algo para pensar...

domingo, 22 de novembro de 2009

(2º dia) O pôr do sol mais lindo

Os roteiros em João Pessoa se dividem mais ou menos assim: praias do Norte, praias do Sul, passeio para a praia da Areia Vermelha, pôr-do-sol em Jacaré, passeio às piscinas naturais de Picãozinho.

Os passeios de buggy às praias do Norte ou Sul custam R$ 50 por pessoa. Os outros passeios poderiam ser feitos de ônibus ou negociar com o buggeiro por uns R$ 15 cada.

O sol lá é bem forte. Até dá para fazer algumas coisas de ônibus, apesar de João Pessoa não ser uma cidade como o Rio de Janeiro, por exemplo, que tem vários ônibus passando a todo momento e também estação de metrô.

Como havia uma menina do Rio que estava também no hostel e não sabia que passeio faria naquele dia, nos juntamos em três e alugamos um carro por $ 60. Colocamos uns R$ 15 de álcool e fizemos todo o litoral Norte, o passeio à Praia Vermelha e de lá ainda fomos para Jacaré assistir ao famoso pôr-do-sol. Valeu a pena. Tanto em economia, quanto em autonomia, quanto em visual.

O pôr-do-sol em Jacaré é um espetáculo que vale a pena ver. Os barzinhos tem deques que se extendem sobre o Rio e perto do sol se pôr um homem tocando no sax o bolero de Ravel passa por entre as mesas e embarca numa canoa que fica navegando pelo rio enquanto ele toca. Depois uma moça toca violino até o sol se esconder por completo. Muito lindo mesmo.

À noite não tínhamos o que fazer. Aliás, isso é uma característica de João Pessoa. É um lugar realmente tranquilo e como ainda não é época de férias, durante o dia as praias são vazias, algumas praticamente desertas. E durante à noite, sobra apenas o centro onde tem o artesanato ou algum barzinho. A praia esgota um pouco as energias e ficar em barzinhos bebendo não é bem o ideal. Aproveitamos a facilidade do carro e acabamos indo conhecer o tal do Shopping tão famoso pelo seu tamanho.

Sinto muito, mas na minha opinião aquele shopping é horroroso. Não achei tão grande, o estacionamento parece um prédio velho todo remendado e dentro tem lojas boas, mas 95% são lojas de griffe e, portanto, super caras. Acho que é por isso que tem fama. Como andar em shopping, definitivamente não é meu passeio preferido, não gostei muito. Estámos em quatro pessoas e valeu apenas pela risada.

Depois jantamos rodízio de camarão no Canoa dos Camarões. DELÍCIA!! Esse sim valeu a pena.
Chegando no hostel, estava deitada em minha cama e senti meu nariz escorrer. Quando passei a mão, porque foi super repentino, estava com a mão cheia de sangue. Fiquei um pouco assustada, mas parou. Então, acredito que tenha sido algum vasinho apenas.

sábado, 21 de novembro de 2009

Férias: sol, sombra e água fresca (Paraíba - 1º dia)


Já estava com alguns dias de férias acumulados e resolvi tirar alguns dias para relaxar. Apesar de não ter uma rotina tão estressante, o convívio diário por tantas horas sempre com as mesmas pessoas vai desgastando um pouco. Acho que é igual relacionamento. De tempo em tempo todos deveriam tirar umas férias do parceiro, mesmo um período curtinho, de uma semana, apenas pra esvaziar a cabeça e sentir falta.

Então planejadas as férias de uma semana, depois de tanta chuva, uns 3 meses direto aqui em Santos, resolvi que queria ver a cara do sol, daquele sol sol mesmo, que com certeza vai aparecer todo dia e durar o dia todo. Andei pesquisando alguns lugares e descobri que João Pessoa é a capital menos violenta do Nordeste e ainda muito pouco explorada turisticamente. Além disso, lá é o ponto onde o sol nasce primeiro no Brasil e diziam ter o pôr de sol mais bonito.

Uma colega aqui de Santos mudou o período de férias e acabou se juntado a mim na viagem.

Reservei o albergue (Manaíra Hostel - R$ 30 diária em quarto coletivo) e comprei as passagens de ida e volta (GOL - vôo 1792 e vôo 1795 - R$ 541,28).

O que tenho percebido é que quanto mais me habituo a viajar, menos ansioso eu fico à cada viagem e também menos necessidade eu tenho de sobrecarregar minha mala com roupas e sapatos e qualquer outra coisa.

O vôo correu tranquilamente. Até o Rio sentaram dois comissários de bordo ao meu lado, que desembarcaram lá. No Rio sentou um rapaz de João Pessoa, que trabalha com eventos e foi me dando várias dicas de lugares e restaurantes para conhecer. Mas, no fim, as dicas que ele deu já eram dicas que tinha lido na internet em depoimentos de pessoas que já haviam viajado à João Pessoa.

O táxi do aeroporto ao hostel foi meio caro (R$50). Mas eu estava doida pra chegar no hostel, colocar um biquíni e ver a cara do mar. Mas já era um pouco tarde e a praia ficou para o dia seguinte. O jeito foi dar uma volta à pé, conhecer os arredores, aproveitar para almoçar no Mangai, que é um restaurante de comidas típicas mais famoso de João Pessoa e fica bem perto do hostel, e também conversar com o pessoal do hostel e socializar um pouco, pegar umas dicas. Acabamos indo uma turma dar uma volta no mercado de artesanato e finalizando a noite com uma bela tapioca. A primeira da viagem.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

No corcovado, quem abre os braços sou eu

Paralelas
Dentro do carro, sobre o trevo, a cem por hora, o meu amor
Só tens agora os carinhos do motor
E no escritório onde eu trabalho
e fico rico quanto mais eu multiplico,
dimimui o meu amor...
Em cada luz de mercúrio, vejo a luz do teu olhar
Passas praças, viadutos,
nem te lembras de voltar,
de voltar, de voltar...
No corcovado quem abre os braços, sou eu
Copacabana esta semana, o mar, sou eu
e as borboletas do que fui pousam demais
por entre as flores do asfalto em que tu vais...
E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuasem que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito
quando o carro passa:
- Teu infinito sou eu,
sou eu, sou eu, sou eu
No Corcovado, quem abre os braços, sou eu,
Copacabana esta semana, o mar, sou eu
e as borboletas do que fui pousam demais
por entre as flores do asfalto em que tu vais.





Não me pergunte o porquê, mas desde o começo da viagem estou com essa música na cabeça. Não a música inteira, mas essa parte que deixei destacada.


E finalmente dia 02/11, dia de Finados, chegou o dia de visitar o Corcovado. Acordei cedo, tomei café, tomei banho, me troquei, o básico de sempre e fiquei aguardando o restante do pessoal para irmos juntos conhecer o Cristo. Como em time que está ganhando não se mexe, repetimos o grupo do dia anterior, eu, Adolfo, Rafael e Rafael Salbego, juntaram-se a nós as meninas do quarto, Daniela e Susana. Pegamos um ônibus até o Cristo, que foi um trecho um pouco longo, mas fomos batendo papo, dando risada e olhando a paisagem maravilhosa e, então, o tempo voou e chegamos.


Uma das coisas boas em ser turista é perder a inibição para algumas coisas e poder fazer um monte de coisas que não faria em Santos. Por exemplo, tirar foto dentro do ônibus e conversar alto como se fôsse grupo de adolescentes voltando da escola.


Optamos para subir o Corcovado com uma van, pois o bondinho estava lotadérrimo e demoraríamos demais na fila. Na van encontramos mais três meninas e um rapaz que estavam no Hostel Che Lagarto. As meninas conheceram o rapaz no hostel e os quatro foram fazer o passeio juntos. O rapaz se chama Tomaz e é de Natal e de tão engraçado, virou a atração do momento. Contava piadas, todas sem graça e, por esse motivo, era muito engraçado. A vista lá de cima é linda, mas tudo estava tão cheio, mas tão cheio, que após ver a minha vontade era de descer logo. Não tenha essa necessidade de ficar lá em cima filosofando sobre a vista no meio daquela multidão. Pra mim, ir lá, ver, tirar a foto e ok, vamos descer, tava mais do que suficiente. O Cristo que me perdoe, mas o calor lá estava infernal. E as coisas hoje estão tão banalizadas que, na capelinha que tem no pé do Cristo, as velas são eletrônicas. Você põe uma moedinha e acende uma vela eletrônica. E chegando lá em cima de tudo, contrariando a letra da música, quem abre os braços é Ele.


Descemos, minha fome do almoço já começando, a fobia social aumentando, pois tinha muita gente mesmo, muita gente em volta, muita gente falando, era muito barulho pra minha cabeça, acostumada a ter seus momentos de total alienação ao mundo exterior. E o baixo astral começou a me rondar. O Rafa até percebeu e perguntou o que estava acontecendo. De acordo com ele eu estava "mais espontânea no dia anterior, mais protagonista e hoje mais coadjuvante". Interessante isso, uma pessoa que conheci no dia anterior já conseguir sacar minhas alterações de humor, sendo que as vezes convivemos tantos anos com alguém que quando olha pra gente não consegue perceber nem um palmo à frente do nariz. E essa frase dele me fez lembrar o filme "O amor não tira férias", pois tem uma cena em que um dos personagens, um ex roteirista de Hollywood fala para a Kate Winslet, que ela precisa ser a protagonista da vida dela, mas ela estava agindo como coadjuvante.


Fomos almoçar em Copacabana, tomamos um choppinho, o grupo diminui, a quantidade de gente em volta também e tudo foi voltando ao normal novamente.


Chegando ao hostel ainda deu tempo de trocar de roupa, deitar um pouquinho na praia de Ipanema e me despedir, vendo o sol se pôr e fechando a viagem com chave de ouro.



Como sempre, viajar é uma grande terapia para aqueles que conseguem se observar. Para quem está acostumada a viver sozinha, a ficar no silêncio quando quer, a fazer o que tem vontade na hora que bem entende, ficar num hostel, dividir um quarto com pessoas totalmente desconhecidas é uma forma de exercitar a tolerância, pois não dá para as coisas girarem redondo, como gostaria. Não dá para dormir quando quer e acordar quando quer, porque as outras pessoas têm vontades diferentes. É inevitável acabar acordando várias vezes durante a noite e não conseguir dar aquela dormidinha de meia hora no final da tarde. Ou aceitamos uns aos outros como eles são, ou nos isolamos e fazemos tudo sozinhos. E se a pessoa opta por se isolar, perde várias experiências interessantes e momentos engraçados que vão acontecendo no decorrer da viagem. Assim como perde também a oportunidade de conhecer pessoas tão bacanas que o acaso coloca no nosso caminho. E assim é a vida...um exercício de tolerância, de auto-conhecimento, uma prática diária para descobrir o próprio ritmo e aceitar o ritmo dos outros, pois no final, todos os ritmos juntos podem criar um belo show musical.

domingo, 15 de novembro de 2009

Todos os meios possíveis


No segundo dia no Rio resolvi que não queria ficar me prendendo a ninguém, a nenhuma pessoa, horário, nada e planejei conhecer o Pão de Açúcar e Santa Tereza. Eu sei que parece meio antissocial da minha parte, mas algumas vezes (pra não dizer sempre), esse negócio de ficar esperando e de ter muita gente tagarelando ao meu redor me incomoda. Quando estava no ponto de ônibus vi que alguns rapazes hospedados no mesmo hostel também estavam aguardando ônibus. Então, tomei coragem, puxei conversa e descobri que estávamos indo para o mesmo lugar. Fomos juntos, conversando e foi muito bom ter a companhia deles. Os três (Adolfo, Rafael e Rafael) são de São Paulo e pra mim era como se já nos conhecêssemos, pois a empatia que tive por eles foi imediata. Como o tempo fechou eles desistiram de conhecer o Cristo e continuamos juntos na visita à Santa Tereza. Graças a São Pedro o dia foi perfeito! Almoçamos uma feijoada maravilhosa, com música ao vivo lá mesmo em Santa Tereza, num restaurante chamado Marcô e depois andamos de bondinho e voltamos ao hostel de metrô e ônibus. Nem a chuva conseguiu atrapalhar. Pelo contrário, acho que se tivesse sol, nossa visita à Santa Tereza não seria tão charmosa e nossa feijoada não seria tão gostosa.

À noite até tentamos sair, mas acabou não dando certo e também estava cansada, precisava descansar para acordar cedo no dia seguinte e conhecer o Cristo. A Susana sugeriu fazer como os ingleses, entrar em um bar (no caso deles entrar em um pub), tomar um chop e partir para outro para conhecer. Mas só conseguimos passar por dois lugares. O Devassa e depois uma imitação do Outback, que não lembro o nome. Depois disso, estava precisando apagar mesmo e voltamos ao hostel. Dia encerrado depois de utilizarmos todos os meios de transporte possível: bonde, ônibus, metrô, bondinho e pés, claro!

O Rio de Janeiro é mesmo lindo!


música da viagem: Paralelas e Do leme ao Pontal


Mais um feriado prolongado e a oportunidade de viajar e conhecer um novo lugar. Logo o Rio de Janeiro me veio à cabeça, por ser relativamente próximo, por ter ônibus direto de Santos e por ser um lugar que ainda não conhecia. Já havia tido a idéia de ir nos feriados anteriores, mas por me prender em algumas esperanças e expectativas em relação a alguns acontecimentos e também um pouco de preguiça, acabei ficando por Santos mesmo. Mas, para algumas coisas na vida, vale aquele ditado batido "antes tarde do que nunca".

Finalmente determinada, chequei o hostel e fiz logo o pagamento para segurar a reserva. As passagens de ônibus comprei para ida dia 30/10 às 23:59 e volta para dia 02/11 às 22. Acabei descobrindo através de um amigo que haveria jogo no Maracanã, Santos x Flamengo e que ele também estaria indo passar o feriado no Rio. Então combinamos de ir e vir no mesmo ônibus para podermos dividir as despesas com táxi. Além disso, pra mim foi muito mais confortável saber que teria alguém que já conhece o Rio junto comigo na chegada na rodoviária, pois elimina aquela insegurança de chegar sozinha num lugar totalmente novo e sem conhecer nada. Principalmente em se tratando de Rio de Janeiro, pois a TV nos bombardeia diariamente com as notícias sobre o crime nessa cidade.
Fiquei em Ipanema, na rua Vinícius de Moraes, num hostel chamado Adventure Hostel. O hostel era bem simples, não posso dizer que adorei, mas foi suficiente para quem somente iria passar dois dias por lá. A localização valeu o restante, pois fica muito próximo da praia de Ipanema, próximo ao posto 9, com muito comércio e barzinhos próximos e em área relativamente segura (se é que isso ainda existe neste país), inclusive para caminhar à noite.

Assim que cheguei no hostel e fiz meu check-in, sentei à mesa para tomar um café da manhã, pois eram aproximadamente umas 7 horas da manhã. Haviam várias mulheres tomando café da manhã e já começamos a conversar e fazer amizade. Eu estava meio cansada da viagem e só pretendia caminhar pela praia para conhecer o local e sentar para observar a paisagem. Elas gostaram da idéia e, após me trocar, fomos todas juntas, seis mocinhas elegantes fazer nossa caminhada. Duas delas também estavam dividindo o quarto comigo, a Daniela, que é de São Paulo e a Susana, que é uruguaia. As meninas acabaram ficaram nas pedras do arpoador e eu, sem pique para ficar escalando pedra, segui com a uruguaia, a Susana, até Copacabana, onde sentamos em um quiosque para curtir a paisagem e beber uma caipirinha. Foi uma tremenda coincidência, pois essa uruguaia já viveu dois anos em Santos, onde trabalhou numa indústria de pescados e dava para perceber a felicidade dela relembrando os locais por onde passava quando morava em Santos.

Andamos muito, muito mesmo nesse primeiro dia. Fomos até o Copacabana Palace onde fizemos cara de paisagem e entramos como se fôssemos hóspedes para conhecer a piscina. Lindo! Simplesmente tudo lindo! E uma diária em quarto simples para três pessoas por aproximadamente 1200 reais. Uma bagatela...rs... Na próxima talvez troque o hostel com sua diária de 50 reais pelo Copacabana Palace. Calma!! Quando digo próxima, posso estar me referindo à proxima encarnação.

Voltamos já por volta de umas 14 horas e mal tive tempo de comer, tomar banho e descansar, pois tinha combinado de ir no Maraca assistir o jogo e a Susana se empolgou e foi junto. Foi ótimo, a vibração da torcida flamenguista é incrível e, apesar de santista, é claro que o espetáculo pra mim foi ver o Maracanã e aquela torcida flamenguista enorme torcendo pelo time, fazendo ôla, xingando, gritando e tudo o mais a que tinham direito.




Saímos um pouco antes do término do jogo para poder pegar o táxi com tranquilidade, pois a linha do metrô que faz acesso ao Maracanã estava interditada em obras. Voltamos ao hostel, tentei descansar, mas foi em vão, pois o vai e vem no quarto me impediu de conseguir tirar um cochilo.

À noite, fomos conhecer a Lapa. Cheia, muito, muito cheia. É meio o estilo do centro de Santos (guardando as respectivas proporções, pois é claro que Santos é bem menor e tem menos gente). Construções antigas, algumas ruas medonhas, outras bem cheias e filas nos lugares mais badalados. Acabamos indo parar num lugar chamado Lapa 40º, um lugar com quatro andares e três ambientes diferentes e espaço para umas 2000 pessoas. Mas, apesar de bem bacana, infelizmente eu sucumbi ao cansaço e quando eram ainda umas 2 da manhã já tinha entregado os pontos para o sono. Ainda bem que não fui a única. Todos os quatro estávamos acabados e pegamos um táxi de volta.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Um Feliz Dia dos Namorados em Curitiba

Acho bem interessante como cada viagem acaba surgindo do nada e, quando volto para ver alguns registros feitos em meu caderno de anotações, acabo percebendo que minha mente já havia passado por aquele destino antes. Hoje em dia a tal da Lei da Atração está muito em alta por causa do livro O Segredo. Mas é realmente impressionante, pois a impressão que tenho é que uma vez que pensamos sobre um determinado assunto, de alguma forma fica lançada a semente e, um dia a idéia brota. Mesmo nem lembrando mais que a semente havia sido lançada, ela estava lá, germinando, pegando um pouco de sol e chuva até brotar e lançar para fora da terra a sua existência.
Foi assim a viagem para Curitiba. Primeiramente tinha intenção de conhecer Ouro Preto, pois havia recebido um convite de uma amiga que mora em BH e não teria despesas de hospedagem. Estava meio na dúvida se iria, pois a logística de Santos para Minas é meio difícil. Teria que pegar um ônibus em São Paulo. Ou então de Santos para Belo Horizonte e de lá outro para Ouro Preto. Perdiria muito tempo na estrada e teria pouco tempo para aproveitar por lá. Mas fui pega por uma crise aguda de apendicite e operada da noite para o dia. Isto me deixou impossibilitada de viajar por dois meses, pois queria ter certeza absoluta de que estava bem recuperada para evitar qualquer imprevisto com minha saúde durante uma viagem. Nesta mesma época que fiquei de molho, um rapaz que conheci na Argentina (Robson) e que virou meu amigo, também estava querendo conhecer Curitiba e como não havia conseguido hospedagem, acabou indo à Foz do Iguaçu.
Um dia, num encontro em um barzinho aqui de Santos, um colega da época de faculdade e que atualmente mora no Rio Grande do Sul me contou sobre um passeio de trem que fez entre Morretes e Curitiba. Disse que é lindo, valia a pena. Como gosto da idéia de passeios diferentes, o passeio de trem me pareceu muito interessante e me empolguei para ir. Até combinamos de ir juntos, mas acabou não dando certo, pois ele teve que trabalhar e também achei melhor esperar um feriado prolongado para aproveitar melhor. Em 11 de Junho teríamos o feriado de Corpus Christi (quinta-feira), surgiu a oportunidade tão esperada para a tal viagem. Comecei as pesquisas de preços, passagens, hospedagem, etc. Falei com o Robson, que disse que também gostaria de ir, pois acabou indo para Foz ao invés de Curitiba e combinamos de nos encontrar lá na rodoviária.
Quando cheguei em casa e fui anotar preços e roteiro em meu caderninho, o que encontrei?? As anotações que a Sally havia feito sobre a viagem dela em Curitiba. Incrível, pois nem me lembrava disso.
Bom, tudo decidido, finalmente o dia chegou. Peguei o ônibus de Santos para Curitiba pela Viação Catarinense aqui em Santos no dia 10/06 às 23:59.
11/06
Cheguei em Curitiba. A viagem como sempre foi tranquila, mas poderia ter sido ainda mais se o trator deitado ao meu lado roncasse um pouco menos. O jeito foi meter o fone de ouvido com musiquinha tocando até pegar no sono. O meu vizinho era meio pancada e, antes de chegar a Curitiba, já ficava desesperando tentando olhar pela janela se já estava próximo ou não e chegou a ter a falta de respeito de abrir a cortina na minha cara, sendo que eu estava na poltrona da janela. Mas, deixa quieto. Eu vejo os absurdos, mas não me importo, enfim...estou viajando...é só alegria.
Chegando na rodoviária não achava o Robson e o celular dele caía na caixa postal. Nessa hora senti aquele vai e vem no estômago, pois só então me dei conta de que nem peguei direito os dados do albergue. Como foi ele que fez a reserva do albergue, acabei deixando isto com ele.
Mas depois de uns 40 minutos nos vimos por lá. Ele estava lá sentado me esperando e eu esperando por ele. Já havia dado uma caminhada, mas não tínhamos nos visto.
Fomos para o albergue. Havia sido chamada para ficar hospedada na casa de um rapaz do CouchSurfing, mas como faríamos os passeios juntos (eu, Robson e o amigo dele, Diego), acabei optando por ficar com eles no albergue. Nos arranjaram um quarto com banheiro, somente para nós três. Foi óóótimo!!! Este primeiro dia tiramos para andar de jardineira pela cidade e conhecemos vários pontos turísticos. Almoçamos super tarde em uma churrascaria no bairro Santa Felicidade, mas como era muito tarde o almoço deixou a desejar. Estávamos cansadíssimos, mas à noite havia combinado de ir num encontro semanal do pessoal do couchsurfing. Passamos na casa de um rapaz de lá de Curitiba e ele nos levou ao local do encontro. Do encontro ainda demos uma esticadinha até um videokê e é claro que não podia deixar de soltar a minha voz com a música Dancing Queen. Eu e o Diego arrasamos..rsrs...
O primeiro dia fechou com chave de ouro. Foi muito animado, nos divertimos muito e conhecemos pessoas muito legais. O Carlos, do Couchsurfing de Curitiba nos recebeu muito bem e virou mais um amigo.
12/06
Estávamos bem cansados do dia anterior e ficamos meio preguiçosos. Os rapazes ficaram dormindo e eu saí para dar uma andada no shopping Estação, quase ao lado do Hostel Roma, que é o nome do Hostel em que ficamos. Como não tinha secador e o frio estava de doer, aproveitei para secar o cabelo num salão do shopping. Afinal, eu mereço!!! Dia dos Namorados é dia de agradar a mim mesma, pois tenho sido uma ótima namorada para mim. Voltei e acordei a cambada de dorminhocos. Fomos na rodoviária comprar as passagens para o passeio de Morretes que faríamos no sábado, passamos pelo Mercado Municipal, pelo centro da cidade, almoçamos num shopping e voltamos ao Hostel já de tardezinha. Eles, já bem descansados, ficaram batendo papo com os hóspedes e eu fui tirar uma sonequinha para poder sair à noite. O Carlos ficou de entrar em contato para sairmos todos juntos, mas aparentemente ficou muito gripado. Sei não, mas era Dia dos Namorados, então acredito que ele tenha tido outros compromissos. Enfim....
Os rapazes me acordaram com a novidade de que tinham feito amizade com o pessoal do hostel e que sairiamos todos juntos para algum lugar.
Então, vamos lá.
Fomos comer pizza, passamos por uma balada, mas não ficamos. Acabamos no Bar do Alemão, que é um bar bem conhecido de lá. A noite foi ótima e o dia perfeito. Brindamos ao Dia dos Namorados, todos sem namorados e felizes curtindo a vida muito feliz, fazendo novas amizades e sem beijar na boca.
13/06
Esse dia passamos em viagem de Curitiba x Morretes x Curitiba.
Pegamos ônibus na rodoviária às 7 da matina. Foi difícil acordar tão cedo com aquele friozinho. Deu mais ou menos uma hora e meia de viagem. Passeamos por Morretes, descansamos um pouquinho e almoçamos num ótimo restaurante na beira do rio um maravilhosso Barreado. Eles preparam tudo no prato e ainda viram o prato na nossa cabeça. Mas, graças a Deus fica tudo grudadinho no prato. Todos sairam ilesos.
Voltamos de trem. Foram mais de três horas de viagem. A vista é linda, montanhas, desfiladeiros, tudo maravilhoso, mas minha câmera ficou sem bateria. Paciência! Estávamos meio cansados de tanta viagem, torcendo para chegar logo.
À noite saí com o Carlos, um rapaz de São Paulo que estava no hostel e com uma outra menina , a Carol. Fomos jogar sinuca com um casal de amigos do Carlos. Depois do jogo fomos a um barzinho, bebemos uma caipirinha e uma porção e ficamos bêbados o suficiente para filosofar sobre a vida. A Carol ficou entediada e de cara feia com a conversa minha, do Carlos e do amigo dele e, acabamos indo embora, pois estava difícil olhar para aquela cara.
14/06
Último dia em Curitiba. Acordamos um pouco mais tarde pois teríamos tempo para cumprir nosso itinerário. Queríamos pegar a jardineira com o restante que tínhamos de passagem e conhecer o Jardim Botânico, um parque e a ópera de Arame. Mas o Robson cismou de copiar minhas fotos. Saiu com minha máquina rumo a uma Lan House e desapareceu. A Uxue e a Carolina foram fazer o passeio sem a gente, caso contrário não conseguiriam ver tudo que queriam. E nada do Robson voltar. Eu sei que a situação ficou angustiante. Acabamos indo ao shopping almoçar, o Carlos que já tinha acordado e estava indo também almoçar se juntou a mim e ao Diego. No shopping encontramos o Robson, já de volta e quase o matei pela demora e pela preocupação. Fomos passear de jardineira e o Carlos foi junto. Mas, o tempo foi curto. Escureceu. O Jardim Botânico ficou para a próxima.
Como na noite anterior fui para o barzinho e praticamente não dormi, voltamos para o hostel e ainda tirei uma soneca antes de irmos à rodoviária pegar o ônibus que saía 00:30 do dia 15.
Viagem encerrada positivamente.
O amigo do Robson, o Diego, se tornou um ótimo amigo. Nós três juntos nos divertimos muito, demos muita risada, tanto juntos quanto um do outro. Nos demos muito bem juntos. Valeu a pena. Fiquei muito feliz com a viagem, voltei muito animada, conheci pessoas muito legais e lugares muito bonitos e interessantes.
Cada vez mais eu tenho a certeza de que para ser feliz, basta querer. Enquanto alguns cruzam os braços e reclamam da solidão, outros colocam a mochila nas costas e saem do casulo para poder ver o mundo.
Prefiro admirar e ficar feliz com os diamantes no caminho do que entrar na busca incessante pelo pote de ouro no final do arco-íris, que no final, pode até estar vazio.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Grande Ilha Grande - Finalmente nos encontramos


Estava há muito tempo querendo ir para Ilha Grande, mas não conseguia me lembrar de como essa vontade veio parar na minha cabeça. Lembro que fui para Argentina, pensando em ir a Ilha Grande quando voltasse, pois daria tempo. Mas, quando voltei, tava com a grana curta. Então resolvi deixar para Outubro, quando tiraria outra parte das minhas férias. Em Outubro também não rolou. Então quase aconteceu no Ano Novo. Eu ia para o Rio e depois do Ano Novo para Ilha Grande. Ficaria uma semana pelo Rio passeando. Mas, fiquei ruim da coluna, não arranjei lugar para ficar no Rio....enfim....não deu certo novamente. Então encasquetei que tinha que ser no Carnaval. Como a viagem é muito longa, teria que ser num período em que eu tivesse muitos dias livres para ter tempo de pegar a estrada e ainda gastar alguns dias por lá. Pronto. Fechou. Carnaval. Procurei camping, peguei dicas, pesquisei muito até decidir onde ficar, quando ir, etc, etc, etc. Fechei com o camping, fiz o depósito do sinal, mandei email para várias amigas convidando que se juntassem a mim. Como ninguém quis ir, mais uma vez arregacei as mangas e encarei que minha situação é essa. Não tenho amizades com gostos parecidos com os meus. Portanto, não posso depender da companhia de alguém, esperando para um dia fazer o que gosto. Tenho que fazer o que gosto e quero e, talvez, pelo caminho eu encontre pessoas que combinem comigo. Ou não. Mas, pelo menos, fiz o que quis.

dia 19/02
fiz minha mala com o mínimo possível, mas sempre tenho a impressão de que estou levando coisa demais. Peguei um ônibus em Santos para o Jabaquara às 18:15. Quando o ônibus enconstou na plataforma da rodoviária de Santos e eu vi o motorista, nem acreditei. O motorista era o Marcelo, filho da Maria. Daquele momento em diante, a minha certeza de que essa viajem seria muito boa pra mim, ficou ainda maior. Essas pequenas coincidências que vão acontecendo pelo caminho, deixam bem claro que nada é por acaso. E isso fez com que me sentisse mais segura e fui o caminho todo sorrindo de felicidade, vendo beleza em cada luzinha do caminho e em êxtase como naquelas viagens em época de escola, quando havia excursão para o Playcenter. Tá, tudo bem, só fui uma vez, mas lembro que me senti assim.
















E assim foi correndo o meu início de viagem. Com felicidade total, olhando tudo a minha volta e agradecendo por ter evoluído tanto em tão pouco tempo. Peguei metrô do Jabaquara para o Tietê e fiquei fazendo hora até 22:40, horário em que o ônibus partia do Tietê para Angra. Até Angra o ônibus fez duas paradas de 20 minutos para descanso e uma parada em Paraty. Só acordava com a movimentação e voltava a dormir. Foi uma viagem tranquila, tirando um pouquinho de frio que passei.
Fui na poltrona 19 e do meu lado, na 20, foi um professor que mora em Paraty e trabalha em um projeto social com artesãos de Paraty. Ele ficou um tempão conversando comigo sobre o projeto e achei muitíssimo interessante. Preciso achar um projeto social em Santos onde possa ajudar também. É muito enriquecedor.


20/02
Durante as dormidas dentro do ônibus, em uma das paradas, consegui lembrar do porquê de ter colocado Ilha Grande na minha cabeça. Um dia a Fabi estava em casa, passando o final de semana e a Catia e a Tamara me ligaram dizendo que iam lá pra casa. A Tamara chegou com Bacardi e Coca, tomou todas, fumou feito uma chaminé e deixou toda a cinza cair na minha colcha branca...rs... Aí, nessa euforia alcoólica ela falou em fazermos uma viagem para Ilha Grande e ficarmos no alberque que o amigo dela trabalha, no Che Lagarto. Entramos no site e fiquei simplesmente apaixonada. Coloquei com tanta força na minha cabeça de que eu iria naquele lugar, que mesmo ela não cumprindo nada do que foi dito, eu fiquei com aquilo na cabeça. Bom, foi assim que fiquei sabendo de Ilha Grande.


Cheguei em Angra às 05:50. Às 06 havia um barco para levar o pessoal de Angra para Ilha Grande por 20 reais. Melhor do que ficar lá parada, esperando a barca baratinha, por 6 reais que só chegava às 15:30. Puxei conversa com duas meninas que estavam juntas e vieram no mesmo ônibus que eu para podermos pegar o táxi juntas e baratear o transporte. Mas sabe quando você sente uma certa resistência? Do tipo "já temos a companhia uma da outra, não fazemos questão de outras companhias". De uns dois anos pra cá, quando comecei a andar mais sozinha, passei a observar esse tipo de comportamento com mais frequência. E fico pensando se eu também era assim quando estava com companhia. Mas sei que não era. Pois lembro que fiz amizade com duas meninas em Porto Seguro e o Ronaldo ficou puta da vida comigo porque eu ficava fazendo amizade com outras pessoas....kkkk... Acho que sempre fui meio diferente.
Em Vila do Abraão, Ilha Grande, fiquei no Camping Cantinho da Ilha. Minha barraca já estava montada, embaixo de um sol escaldante. Mas o rapaz do camping foi muito bacana e trocou a barraca duas vezes de lugar até ficar num lugar decente.
Troquei de roupa e fui andar. Fui à praia, achei uma prainha chamada Praia da Júlia, passei o dia lá sozinha, pegando sol, tomando banho de mar, bebendo água, uma caipirinha para relaxar da viagem e muita bolacha pra matar a fome (ou biscoito, como dizem os cariocas).
De tardezinha fui tirar um cochilo na barraca e acordei com gente me chamando. Era a Karina, com quem havia feito contato antes de ir. Ela, o namorado e uma amiga dela estavam me procurando para nos conhecermos e combinamos de saírmos juntos à noite. Portanto, à noite já tive minhas primeiras companhias.
Quando voltei de madrugada encontrei a Juliana, uma outra menina com quem havia feito contato antes de ir. Ela havia chegado há pouco tempo e estava montando a barraca. Fui dormir.


21/02
Resolvi fazer um passeio de barco para não passar o dia sozinha e a tôa. Fiz um passeio a Ilha de Jorge Grego, Dois Rios, Caxadaço, Lopes Mendes. O dia foi muito bom, mergulhei, me diverti bastante e quando me peguei olhando aquele monte de gente acompanhada e eu, única pessoa sozinha no barco, começou a me dar um sentimento meio triste e então rapidamente pensei comigo mesma "ÔÔPAA!!! pode parar por aí! Você tá aproveitando pra caramba, fazendo uma viagem maravilhosa, na praia, com sol, mergulhando, o resto que se dane" E a felicidade total voltou. Tá vendo? Pensamento é assim. Ou você controla ele e mantem as rédeas da situação, ou ele lhe pega e já era...
Voltando do passeio encontrei a Juliana novamente e trocamos uma idéia. Também encontrei o Rodrigo, que havia feito contato antes de ir e estava no camping.
À noite formamos uma turminha e saímos para o Carnaval de rua.


22/02
A Ju me apresentou um pessoal com quem fez amizade no camping e saímos todos juntos para um passeio de barco. Fomos para a Lagoa Azul e umas outras praias que não lembro o nome.
À noite, Carnaval de rua novamente.


23/02
O pessoal foi fazer trilha para Dois Rios. Fiquei com medo de não conseguir porque estou muito fora de forma. Como já tinha ido a Dois Rios de barco, resolvi ficar e fazer algo por perto. Então, fiz uma trilha pequena e conheci Praia Preta, Praia do Galego, Ruínas do Aqueduto, Ruínas do presídio e Poção. Fui para a outra ponta e fiz uma trilha para Abraãozinho. No abraãozinho deitei numa sombra, fiquei descansando, até dei uma cochiladas e voltei para Abraão de táxi boat. Fui almoçar um PF porque estava morta de fome e ainda mergulhei um pouco com o Rafael. Mas já não tinha sol e a água começou a ficar muito fria. À noite estávamos todos novamente no Carnaval de rua.


24/02
Fizemos um passeio de barco para conhecer Lagoa Verde. Conhecemos também Ubatubinha e Praia da Feiticeira.


25/02
Dia de voltar. Ficamos por perto para podermos sair no horário e pegar o catamarã de volta. O catamarã estava marcado para 17h mas atrasou muito. Acho que chegou mais de 18h. A Ju me fez companhia na rodoviária e meu ônibus chegou às 22 em ponto. O caminho de volta foi tranquilo


26/02
Cheguei em Santos às 07:30 e fui direto para a Taloca.

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Essa viagem foi muito especial para mim. Essa turma toda que conheci fez o Carnaval se tornar especial. As companhias foram ótimas e todos os passeios muito divertidos. Não esperava conhecer tanta gente bacana e ter momentos tão bons.
Além do lugar ser maravilhoso, além de eu poder ficar num tipo de ambiente que realmente gosto muito - praia, sol, mar, barco - ter a oportunidade de conhecer gente que combine tanto comigo me fez enxergar que existem ainda muitas possibilidades na vida e muitas oportunidades também. E aqui vale muito aquela frase que diz que se alguém se sente só é porque construiu muro ao invés de pontes. Nessas horas fica muito claro entender como isso faz sentido. A partir do momento que me abri e fiz contatos com outras pessoas antes de ir, fui construindo pontes para que não ficasse sozinha o tempo inteiro. E essas pontes me levaram a outras pessoas, que conheci por meio das que havia entrado em contato. Com isso, novas pessoas muito queridas deixaram páginas escritas no livro da minha vida: Juh (pessoa queridíssima, com quem me sinto como se conhecesse uma amiga de décadas), que me apresentou a outra Ju, Pedro, Claudia, Fred, Mauro, Leandro, todos muito queridos. Karina, muito simpática e de bem com a vida, que me apresentou seu namorado Wallace e amiga Thaís. Rodrigo, cara jovem e muito educado, que me apresentou seu amigo Bruno e algumas pessoas do camping, como Rafael, Esther e Leonardo.


A experiência de acampar foi muito positiva e espero que apareçam outras oportunidades de encontrar algumas pessoas da turma novamente e fazer novas viagens. Talvez até comprar uma barraca pra mim, quem sabe... Espero que não percamos contato.
E agora tenho certeza que preciso continuar a me descobrir e a fazer tudo que gosto para poder conhecer pessoas e fazer amizades que realmente combinem comigo. Pessoas sem frescura e de bem com a vida.
Lindos dias, pessoas especiais, momentos inesquecíveis. Estando com saúde para aproveitar isso tudo, do que mais precisamos na vida? A vida nos dá tudo o que queremos, mas algumas vezes não sabemos o que queremos e, por isso, fica difícil conseguir.