sábado, 28 de fevereiro de 2009

Grande Ilha Grande - Finalmente nos encontramos


Estava há muito tempo querendo ir para Ilha Grande, mas não conseguia me lembrar de como essa vontade veio parar na minha cabeça. Lembro que fui para Argentina, pensando em ir a Ilha Grande quando voltasse, pois daria tempo. Mas, quando voltei, tava com a grana curta. Então resolvi deixar para Outubro, quando tiraria outra parte das minhas férias. Em Outubro também não rolou. Então quase aconteceu no Ano Novo. Eu ia para o Rio e depois do Ano Novo para Ilha Grande. Ficaria uma semana pelo Rio passeando. Mas, fiquei ruim da coluna, não arranjei lugar para ficar no Rio....enfim....não deu certo novamente. Então encasquetei que tinha que ser no Carnaval. Como a viagem é muito longa, teria que ser num período em que eu tivesse muitos dias livres para ter tempo de pegar a estrada e ainda gastar alguns dias por lá. Pronto. Fechou. Carnaval. Procurei camping, peguei dicas, pesquisei muito até decidir onde ficar, quando ir, etc, etc, etc. Fechei com o camping, fiz o depósito do sinal, mandei email para várias amigas convidando que se juntassem a mim. Como ninguém quis ir, mais uma vez arregacei as mangas e encarei que minha situação é essa. Não tenho amizades com gostos parecidos com os meus. Portanto, não posso depender da companhia de alguém, esperando para um dia fazer o que gosto. Tenho que fazer o que gosto e quero e, talvez, pelo caminho eu encontre pessoas que combinem comigo. Ou não. Mas, pelo menos, fiz o que quis.

dia 19/02
fiz minha mala com o mínimo possível, mas sempre tenho a impressão de que estou levando coisa demais. Peguei um ônibus em Santos para o Jabaquara às 18:15. Quando o ônibus enconstou na plataforma da rodoviária de Santos e eu vi o motorista, nem acreditei. O motorista era o Marcelo, filho da Maria. Daquele momento em diante, a minha certeza de que essa viajem seria muito boa pra mim, ficou ainda maior. Essas pequenas coincidências que vão acontecendo pelo caminho, deixam bem claro que nada é por acaso. E isso fez com que me sentisse mais segura e fui o caminho todo sorrindo de felicidade, vendo beleza em cada luzinha do caminho e em êxtase como naquelas viagens em época de escola, quando havia excursão para o Playcenter. Tá, tudo bem, só fui uma vez, mas lembro que me senti assim.
















E assim foi correndo o meu início de viagem. Com felicidade total, olhando tudo a minha volta e agradecendo por ter evoluído tanto em tão pouco tempo. Peguei metrô do Jabaquara para o Tietê e fiquei fazendo hora até 22:40, horário em que o ônibus partia do Tietê para Angra. Até Angra o ônibus fez duas paradas de 20 minutos para descanso e uma parada em Paraty. Só acordava com a movimentação e voltava a dormir. Foi uma viagem tranquila, tirando um pouquinho de frio que passei.
Fui na poltrona 19 e do meu lado, na 20, foi um professor que mora em Paraty e trabalha em um projeto social com artesãos de Paraty. Ele ficou um tempão conversando comigo sobre o projeto e achei muitíssimo interessante. Preciso achar um projeto social em Santos onde possa ajudar também. É muito enriquecedor.


20/02
Durante as dormidas dentro do ônibus, em uma das paradas, consegui lembrar do porquê de ter colocado Ilha Grande na minha cabeça. Um dia a Fabi estava em casa, passando o final de semana e a Catia e a Tamara me ligaram dizendo que iam lá pra casa. A Tamara chegou com Bacardi e Coca, tomou todas, fumou feito uma chaminé e deixou toda a cinza cair na minha colcha branca...rs... Aí, nessa euforia alcoólica ela falou em fazermos uma viagem para Ilha Grande e ficarmos no alberque que o amigo dela trabalha, no Che Lagarto. Entramos no site e fiquei simplesmente apaixonada. Coloquei com tanta força na minha cabeça de que eu iria naquele lugar, que mesmo ela não cumprindo nada do que foi dito, eu fiquei com aquilo na cabeça. Bom, foi assim que fiquei sabendo de Ilha Grande.


Cheguei em Angra às 05:50. Às 06 havia um barco para levar o pessoal de Angra para Ilha Grande por 20 reais. Melhor do que ficar lá parada, esperando a barca baratinha, por 6 reais que só chegava às 15:30. Puxei conversa com duas meninas que estavam juntas e vieram no mesmo ônibus que eu para podermos pegar o táxi juntas e baratear o transporte. Mas sabe quando você sente uma certa resistência? Do tipo "já temos a companhia uma da outra, não fazemos questão de outras companhias". De uns dois anos pra cá, quando comecei a andar mais sozinha, passei a observar esse tipo de comportamento com mais frequência. E fico pensando se eu também era assim quando estava com companhia. Mas sei que não era. Pois lembro que fiz amizade com duas meninas em Porto Seguro e o Ronaldo ficou puta da vida comigo porque eu ficava fazendo amizade com outras pessoas....kkkk... Acho que sempre fui meio diferente.
Em Vila do Abraão, Ilha Grande, fiquei no Camping Cantinho da Ilha. Minha barraca já estava montada, embaixo de um sol escaldante. Mas o rapaz do camping foi muito bacana e trocou a barraca duas vezes de lugar até ficar num lugar decente.
Troquei de roupa e fui andar. Fui à praia, achei uma prainha chamada Praia da Júlia, passei o dia lá sozinha, pegando sol, tomando banho de mar, bebendo água, uma caipirinha para relaxar da viagem e muita bolacha pra matar a fome (ou biscoito, como dizem os cariocas).
De tardezinha fui tirar um cochilo na barraca e acordei com gente me chamando. Era a Karina, com quem havia feito contato antes de ir. Ela, o namorado e uma amiga dela estavam me procurando para nos conhecermos e combinamos de saírmos juntos à noite. Portanto, à noite já tive minhas primeiras companhias.
Quando voltei de madrugada encontrei a Juliana, uma outra menina com quem havia feito contato antes de ir. Ela havia chegado há pouco tempo e estava montando a barraca. Fui dormir.


21/02
Resolvi fazer um passeio de barco para não passar o dia sozinha e a tôa. Fiz um passeio a Ilha de Jorge Grego, Dois Rios, Caxadaço, Lopes Mendes. O dia foi muito bom, mergulhei, me diverti bastante e quando me peguei olhando aquele monte de gente acompanhada e eu, única pessoa sozinha no barco, começou a me dar um sentimento meio triste e então rapidamente pensei comigo mesma "ÔÔPAA!!! pode parar por aí! Você tá aproveitando pra caramba, fazendo uma viagem maravilhosa, na praia, com sol, mergulhando, o resto que se dane" E a felicidade total voltou. Tá vendo? Pensamento é assim. Ou você controla ele e mantem as rédeas da situação, ou ele lhe pega e já era...
Voltando do passeio encontrei a Juliana novamente e trocamos uma idéia. Também encontrei o Rodrigo, que havia feito contato antes de ir e estava no camping.
À noite formamos uma turminha e saímos para o Carnaval de rua.


22/02
A Ju me apresentou um pessoal com quem fez amizade no camping e saímos todos juntos para um passeio de barco. Fomos para a Lagoa Azul e umas outras praias que não lembro o nome.
À noite, Carnaval de rua novamente.


23/02
O pessoal foi fazer trilha para Dois Rios. Fiquei com medo de não conseguir porque estou muito fora de forma. Como já tinha ido a Dois Rios de barco, resolvi ficar e fazer algo por perto. Então, fiz uma trilha pequena e conheci Praia Preta, Praia do Galego, Ruínas do Aqueduto, Ruínas do presídio e Poção. Fui para a outra ponta e fiz uma trilha para Abraãozinho. No abraãozinho deitei numa sombra, fiquei descansando, até dei uma cochiladas e voltei para Abraão de táxi boat. Fui almoçar um PF porque estava morta de fome e ainda mergulhei um pouco com o Rafael. Mas já não tinha sol e a água começou a ficar muito fria. À noite estávamos todos novamente no Carnaval de rua.


24/02
Fizemos um passeio de barco para conhecer Lagoa Verde. Conhecemos também Ubatubinha e Praia da Feiticeira.


25/02
Dia de voltar. Ficamos por perto para podermos sair no horário e pegar o catamarã de volta. O catamarã estava marcado para 17h mas atrasou muito. Acho que chegou mais de 18h. A Ju me fez companhia na rodoviária e meu ônibus chegou às 22 em ponto. O caminho de volta foi tranquilo


26/02
Cheguei em Santos às 07:30 e fui direto para a Taloca.

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Essa viagem foi muito especial para mim. Essa turma toda que conheci fez o Carnaval se tornar especial. As companhias foram ótimas e todos os passeios muito divertidos. Não esperava conhecer tanta gente bacana e ter momentos tão bons.
Além do lugar ser maravilhoso, além de eu poder ficar num tipo de ambiente que realmente gosto muito - praia, sol, mar, barco - ter a oportunidade de conhecer gente que combine tanto comigo me fez enxergar que existem ainda muitas possibilidades na vida e muitas oportunidades também. E aqui vale muito aquela frase que diz que se alguém se sente só é porque construiu muro ao invés de pontes. Nessas horas fica muito claro entender como isso faz sentido. A partir do momento que me abri e fiz contatos com outras pessoas antes de ir, fui construindo pontes para que não ficasse sozinha o tempo inteiro. E essas pontes me levaram a outras pessoas, que conheci por meio das que havia entrado em contato. Com isso, novas pessoas muito queridas deixaram páginas escritas no livro da minha vida: Juh (pessoa queridíssima, com quem me sinto como se conhecesse uma amiga de décadas), que me apresentou a outra Ju, Pedro, Claudia, Fred, Mauro, Leandro, todos muito queridos. Karina, muito simpática e de bem com a vida, que me apresentou seu namorado Wallace e amiga Thaís. Rodrigo, cara jovem e muito educado, que me apresentou seu amigo Bruno e algumas pessoas do camping, como Rafael, Esther e Leonardo.


A experiência de acampar foi muito positiva e espero que apareçam outras oportunidades de encontrar algumas pessoas da turma novamente e fazer novas viagens. Talvez até comprar uma barraca pra mim, quem sabe... Espero que não percamos contato.
E agora tenho certeza que preciso continuar a me descobrir e a fazer tudo que gosto para poder conhecer pessoas e fazer amizades que realmente combinem comigo. Pessoas sem frescura e de bem com a vida.
Lindos dias, pessoas especiais, momentos inesquecíveis. Estando com saúde para aproveitar isso tudo, do que mais precisamos na vida? A vida nos dá tudo o que queremos, mas algumas vezes não sabemos o que queremos e, por isso, fica difícil conseguir.